O MUNDO NORMAL PRIMITIVO

Interessante a resposta dada pelos espiritos à Kardec na questão de número 85 do Livro dos Espiritos no tocante a qual dos mundos seria o principal, o espiritual ou o material. Com a concisão própria dos grandes espiritos, estes colocaram que o mundo espirita seria o principal pois pre existe ao material e sobrevive a este, ainda que a realidade física venha a desaparecer algum dia. Na mesma abordagem, as perguntas subsequentes tratam o mundo espiritual como nossa pátria real, a que pertencemos e que retornaremos após o fenômeno que batizamos de morte.

Na questão 86, os espiritos superiores colocam, com grande beleza, que os dois mundos ( espiritual e material ) são independentes, no entanto, reagem um sobre o outro constantemente. E esse é um ponto que eu gostaria de chamar a atenção dos amigos. Às vezes deixamos passar detalhes que são importantíssimos para a compreensão de inúmeras situações relacionadas à nosso convívio com os desencarnados e para o entendimento de nossa responsabilidade perante à vida e os que se encontram na dimensão espiritual. É que nesta questão, a expressão de que os dois mundos reagem um sobre o outro demonstra que não devemos apenas nos deter no fato dos espiritos influenciarem nossas vidas mas, tambem, que nós influenciamos a vida dos espiritos, tanto para o bem quanto para a ausencia deste. Quantos desencarnados não se encontram desanimados pelo esquecimento dos encarnados em relação à eles ou quantos não enlouquecem moralmente pelo exemplo perturbador oferecido pelos que estão ainda na Terra ? Quantos entes queridos não vivem atormentados na pátria original pelo fato de seus afetos no mundo estarem desgovernados ou agindo contrário ao bom senso ?

Sim, nós influenciamos os espiritos. Estamos interligados uns aos outros no processo evolutivo. O dizer bíblico "estamos cercados por uma nuvem de testemunha " é uma grande verdade. E observemos que precisamos, em amadurecendo, deixar de achar que só eles, os desencarnados, estão interferindo sobre nós. Podemos edificar ou derrubar seres invisíveis sobre os quais podemos ter algum tipo de ascendência, afinal, isto é possível pelo simples fato dos espiritos serem as almas dos homens que habitavam na Terra, portanto, suscetíveis às fragilidades próprias da condição pouco evoluída dos seres humanos. Meditemos na nossa responsabilidade no que tange à vida moral de quem nos observa, sobretudo, da dimensão invisível aos nossos olhos. Quem procura levar uma vida edificante poderá estar encaminhando inúmeras outras vidas no rumo do progresso. E ao desencarnar, poderá se surpreender com a legião de almas à lhe aguardar após o túmulo para agradecer-lhe os exemplos nobres que muito os auxiliou na jornada. Eis um dos motivos que leva às belas recepções para aqueles que deixaram luminosos rastros na face do mundo. Lembremo-nos, portanto, que é incessante a interação entre as duas dimensões da vida.