Sempre achei interessante a política. É fundamental na vida coletiva da civilização. Sempre me interessei por ela e procurei desenvolver um senso crítico que me permitisse uma leitura consistente da realidade. Claro que, ao longo do tempo, passamos por mudanças oriundas das transformações que a vida proporciona, através da maturidade ocasionada pelas experiencias. Nunca gostei de seguir correntes. Acho que devemos ter independencia suficiente para discernir. E sempre fui contrário a qualquer gesto de deselegância com este ou aquele agente político ou este ou aquele amigo que tivesse uma visão diferente da minha. Creio que esse seja um belo caminho para mantermos o equilíbrio e o respeito que devemos ter por tudo na vida. Respeito este que nos mantem ligados no sentimento de que voce pode discordar de um procedimento politico e administrativo de alguem sem perder de vista que ele é um ser humano em jornada. Isso tambem não quer dizer que não possamos demonstrar indignação para com certos procedimentos, até porque os princípios devem ser instrumentos para colaborarmos na implantação do mundo melhor que todos nós almejamos.
Por que essa introdução toda neste artigo ? Pelo fato de de que, ante a proximidade de mais um período eleitoral, a mesma postura enganadora se apresenta de que os temas polêmicos como aborto, por exemplo, não deveria ser discutido pelo eleitor. Ora, por que não? Por que, passadas as eleições, legalizar o aborto passa a ser visto como um ato de interesse de políticas públicas, portanto, um ato político, e quando nas campanhas eleitorais seria algo incompatível para com o debate ? Por que serve num caso e não no outro ? a população precisa saber em quem está votando pois, se ele, o eleitor, for contrário a legalização do aborto e vota num candidato que pode desencadear a liberação do mesmo, com influencia na política do país para o caso, ele estará votando em algo contrário às suas convicções, com consequencia direta na sociedade como um todo. O mesmo vale para a situação contrária. Um defensor do aborto provavelmente não votará em candidato que diga claramente que ele jamais permitirá a legalização deste. Por que vale para um e não para o outro. O problema é que os que defendem o aborto sabem que a maioria da população brasileira não concorda com a prática e temendo perder votos ( esse filme já vimos há pouco e a enganação se concretizou ) fogem do debate como se fugissem da cruz.
A questão é sim, pertinente ao debate eleitoral. Política é tambem questão moral. Dizer ao contrário é apostar na ignorância política das pessoas. Desqualificar quem pensa assim não é correto. Dizer que é atraso político trazer questões morais para o fator político é, quando não hipocrisa e manipulação, desconhecer que política é lidar com todas as questões humanas. Posso atestar isso agora. Está no Congresso Nacional uma PEc da senadora Marta Suplicy, relativa à questão da homoafetividade. Nesta pec, por exemplo, segundo informações advindas de quem assessou o documento ( há coisas que não são divulgadas pela imprensa que, por tradição histórica, considera certas situações avanços sociais ), entre outras coisas, sugere que haja cotas para homossexuais, assim como há para os negros. Qual a razão para estas cotas, caso seja verídica a informação ? E caso se confirme o proposto, é ou não uma decisão que atingirá a sociedade como um todo, no meu entender, desequilibrando a noção de justiça em concursos publicos, vestibulares e outros ?
Quem me conhece mais de perto sabe o quanto sou sensível, assim como nosso grupo de atuação, às necessidades de corações que sempre viveram à margem de melhores condições. Sabem que lutamos pelo respeito integral à todos os seres humanos, em sua liberdade de expressão e que ninguem sofra discrimanação por nada, no entanto, não acredito nessa proposta que privilegia, preconceitua ao inverso, denigre na verdade quem recebe as cotas porque mostra o beneficiado como incapaz de concorrer em pé de igualdade com outros. Nesta mesma pec estaria uma proposta de que as escolas sejam proibidas de comemorar dia dos pais e das mães, para não constranger possíveis filhos de casais homoafetivos. Ressalvo que procurarrei me inteirar da veracidade referente a esta questão e até solicito a ajuda de alguns de voces para verificarmos se é esse mesmo o texto. Se for, o que acham voces à respeito ?
Vejam que são questões complexas e as citei para demostrar o quanto são elas questões políticas e de cunho moral, sim. Por que uma senadora eleita ( com seu mandato garantido ) PODE LEGISLAR SOBRE O ABORTO E A HOMOAFETIVIDADE E OS TEMAS NÃO PODEM SER DISCUTIDOS PELA POPULAÇÃO NAS CAMPANHAS ? Quando a população é escutada nessas questões sensíveis ? Ao contrário, muita coisa é tratado na calada da noite, sem estardalhaço e sem que a imprensa divulgue, a não ser quando sai o resultado da votação. Posso ser contrário a posiçao de alguem mas este alguem tem todo o direito de discordar e ter sua posição.
Mais uma vez tem início a tentativa de que se silencie a abordagem de idéias. Quanto mais pasteurizada a campanha mais interessa aos que detem o manopólio do poder. O dinheiro forte descarrega propagandas e mais propagandas com cidadãos falando, sorrindo, de projetos que nem estão sendo tocados mas parece que já são realidades. Agora mesmo, no Rio de Janeiro, na abertura da campanha de Eduardo Paes, prefeito daquela localidade, à reeleição, ele, Dila Roussef e Sérgio Cabral, governador do estado, entregaram algumas casas do " Minha Casa, Minha Vida", projeto que é um fracasso em números, e estas casas, após o comício, a partir do dia seguinte, mostra que ninguem foi morar ali pois as obras estão inacabadas, sem estrutura para os moradores e serviu apenas de palanque.
Vamos para mais um choque de realidade ? O TCU denunciou, por volta de 2007 , 2008, os superfaturamentos e irregularidades das obras do PAC cometidas pela Delta Construtora, que está no olho do furacão em escãndalos diversos. A denúncia foi feita ao governo brasileiro, que à época tinha como presidente Lula da Silva e como gerente do PAC Dilma Roussef. O Presidente dizia que ela era a mãe do pac. Pois bem. Não só o presidente desqualificou o Tribunal de Contas como deu-se prosseguimento as obras. E mais, eleita, Dilma assinou mais trinta, isso mesmo, TRINTA novas obras do PAC ( e muito pouco tinha sido feito pela construtora ). Agora, tempo de eleição e com novas denúncias de desvio de dinheiro público e irregularidades, a presidente, para efeito de mídia, pede para que seja verificada se há alguma irregularidade em algum contrato da Delta com o governo federal. Ora, meus amigos, issso tinha sido levantado há quase cinco anos atrás pelo órgão encarregado de fiscalizar as obras públicas, o TCU. E não só o governo fez vista grossa, tanto Lula quanto Dilma, como foram estreitadas as relações de negócios entre as partes.
Daí a importãncia de termos uma consciencia sobre aquilo que ocorre nessa área - a política. E de termos o direito de opinar sobre questões de princípios e moral. Por que advogados, engenheiros, artistas, políticos, arquitetos, médicos, estudantes, são ouvidos e promove-se debates com suas pautas e os religiosos não podem? Por que este estigma contra os que primam pela fé, pela construção de espiritualidade e defendem a vida e seus princípios? Por que desenvolver o cliche de que falar em religião em uma atividade tão nobre ´como a política é "reacionarismo", atitude retrograda e outras coisas do genero ? desqualificar segmentos é sinal de que falta argumento ou se tem medo da força dos argumentos do oponente. Que nossos candidatos falem claramente o que pensam sobre os temas sensíveis e escutem quem pensa diferente. E deixem que a população julgue, votando ou não em suas idéias. A democracia pressupõe isto. A idéia vencedora prossegue e aos que tiveram suas concepções superadas, mantem seus pontos de vistas, prossegue esclarecendo e convencendo, sem alimentar "confrontos". Aguarda-se o tempo.
Posso voltar, adiante, a um pouco mais de um choque de realidade, saindo das "fantasias" e avaliando as coisas como elas, efetivamente, são. Como veem, aumentei a temperatura do blog, não foi ?