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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

PREPARANDO O FUTURO

Todos sabem que dentro das tarefas espíritas a evangelização da criança e do jovem é algo fundamental. Não é um simples ato de ter aulas de moral cristão para a infância e a juventude. É mais que isto. É vestir o futuro com a túnica nupcial, conforme expressão de uma das passagens do evangelho. Isso significa, encorpar a vida da alma com a vestimenta de valores capazes de estabelecer um rumo equilibrado e feliz, produtivo e avançado, para o ser.

Na fase infantil nós temos o melhor período para despertar naquela alma que recomeça a reencarnação os fatores luminosos que repousam em sua intimidade. Moldada neste período, a assimilação dos sublimes postulados por parte da criança se transformará em hábitos salutares e guardará a espontaneidade oriunda dos estímulos ofertados pelos estudos da Boa Nova. É a infância o melhor período para se observar as tendências que o espírito traz em sua história evolutiva. As negativas mais facilmente poderão ser alteradas e corrigidas e as boas, estimuladas e aperfeiçoadas.

No que tange a juventude, caso seja a continuação do que a alma vem absorvendo desde a evangelização infantil, é a fase em que muitos valores podem ser consolidados. As ferramentas que proporcionam os estudos para a juventude são capazes de fazer surgir um jovem responsável, com maior nitidez de sua jornada na vida, norteando-lhe os caminhos e favorecendo que estes jovens lidem melhor com os anseios naturais da fase jovem. Para os que estão chegando ao mundo das abordagens espirituais agora, sem terem passado pela  evangelização na infância, rasga-se um novo horizonte e , quase sempre, é algo entusiasmante.

Esse trabalho - de cuidar da criança e do jovem - não é um simples ato de incutir, à força, os ensinamentos de uma moral elevada. É precioso planejamento solicitando estratégia, organização, respeito àquelas individualidades e, sobretudo, espontaneidade, diálogo, carinho, dosado com o elemento mais importante de todos: o amor. Educar é despertar, estimular as forças superiores que constituem a natureza de todo ser humano. Não é despejar máximas morais sobre as mentes. É conduzir o ser para que descubra sua efetiva natureza, seus recursos maravilhosos e entenda, a partir daí, o sentido da vida e os  objetivos pedagógicos da existência na Terra. Quando simplesmente impomos, robotizamos. Quando auxiliamos a despertar, ajudamos no florescimento da criatura.

Não há força de persuasão mais poderosa do que aquela que nasce do que se irradia em quem se propõe a educar. A aura de respeito que se faz quando a criança e o jovem percebe a sinceridade e a verdade no cerne de quem lhe facilita os passos é algo encantador. Caindo num clichê tão nosso: não há nada mais poderoso que a força do exemplo. Vale mais que palavra. Pura verdade.  Eis, então, o grande desafio para quem lida com a educação em qualquer setor da experiencia humana.

Todos os núcleos de ordem espiritualista deveriam ter denodada preocupação com essa tarefa educacional. Formar cidadãos do universo, com agudo senso ético e profundo respeito à vida, à si mesmo e ao próximo, deve ser o fundamento estrutural de toda religião, de toda instituição que trabalha com o ser humano. Esse é o alvo. Alem do mais, cuidar desse despertar dos mais jovens é cuidar, também, das chamadas peças de reposição. Quando as igrejas e templos, centros espíritas e sinagogas, mesquitas ou tendas, descuidam da missão junto à nova geração, caem na lamentação de pais e pastores, padres e sacerdotes, dirigentes espíritas e seguidores, atordoados pelas tormentas da vida moral dos filhos, nos casos dos pais, e de assistirem o esvaziamento e o envelhecimento dos frequentadores de seus núcleos.

Usar as ferramentas da atualidade para falar a linguagem dos jovens; estabelecer abordagens sobre temas atuais, ainda que polêmicos, mostrando que não se tem receio de abordá-los, é importante para estimular o interesse destes sobre o que o pensamento espiritual diz à respeito dos problemas humanos. Abordo isso porque , principalmente os jovens, não se sentem confortáveis quando percebem que há "tabus" nos locais que frequentam. As religiões deveriam ser campos de estudo e compreensão de todas as idiossincrasias humanas. Os problemas existem. Fazer de contas que eles são "invisíveis" é empurrar, muitas vezes, as mentes ainda em formação, para tratar do assunto em rodas de amigos tão inexperientes e desinformados quanto elas, ou tornando-as facilmente manipuláveis por enfoques puramente materialistas sobre estes temas.

Não sei se me faço entender. Espero que sim. Os desafios são muitos nessa seara. O aprendizado é permanente. O que não se pode é negligenciar o cuidado com as novas gerações. Nem tratá-las com atitudes de subestimação. O Espiritismo, no caso da doutrina que abraço, possui conteúdo extraordinário sobre os problemas humanos. Rico e consciente da pluralidade da vida, concede abordagens elevadas com ângulos novos à respeito das dificuldades da alma. E prepara o ser para vence-las.

E então, vamos preparar o futuro?

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