Várias doutrinas iniciáticas fazem referencia simbólica que o processo de evolução da alma caracteriza-a como uma pedra bruta que necessita ser debastada. Seríamos essa pedra cheia de falhas e irregularidades. Ao longo do tempo, precisamente, após as múltiplas reencarnações, o ser vai se aformoseando, ou seja, a pedra vai sofrendo uma transformação, sendo lapidada pelas intempéries, pelos atritos do caminho. Naturalmente, se o ser investe com sua vontade, seu esforço pessoal, pode acelerar a jornada, lapidando-se através de sua reforma íntima. O que duraria milênios, pode se reduzir à séculos. Não nos assustemos com os números. Séculos ou milênios nada representam ante a imortalidade que nos pertence.
Há, então, considerável diferença entre ser levado de roldão pela lei do progresso ou pelo automatismo da lei, e a decisão do espírito de evoluir, alcançar novos degraus, ascender para universos mais belos e potentes, sutis e vigorosos, acima de nosso estágio atual. Sofrimentos que necessariamente não precisam ser vividos seriam evitados, ficando experiencias conquistadas com mais ampla consciência. Isso não significa que algo referente às dores do crescimento não seria experimentado. Claro que sim pois faz parte da organização pedagógica da vida. A Grande lei impulsiona as grandes transformações por impactos consideráveis, abrindo clareiras magníficas na floresta da indiferença humana e fazendo despontar sublimes expressões da sensibilidade.
Nossa adesão a essa Grande Lei vai se verificando, seja por escolha definida por nós, seja por frustrações advindas das escolhas equivocadas. Tudo termina em aprendizado. E tudo se converte, ao final, em progresso. A espiral da evolução suga a alma para mais amplos e elevados horizontes. Subimos por impulso próprio, mais aceleradamente, ou por força dessa mesma espiral, como um empuxo sistemático, um moto automático que a tudo catapulta para outras condições evolutivas.
Quanto mais embaixo nos estágios de evolução mais o poder da livre escolha é relativo, submetido, em essência, ao automatismo. Com a ascenção da alma, esta ganha maior cota de liberdade pelo senso de responsabilidade adquirido, pela maior cota de luz irradiada. Sua maior identificação com a Grande lei lhe proporciona ser "senhora de si". A alma sente uma felicidade indescritível pois, antes de mais nada, se movimenta mais integrada com o pensamento do Criador. Sua vontade reflete, espontaneamente, a vontade do Grande Amor. Tem-se a consciência de movimento NELE, conforme colocação bíblica: "Estamos mergulhados em DEUS".
Nos estágios de mais avanços espirituais, a pedra polida resplandece. As arestas desapareceram. A alma cintila. As virtudes, vividas e sentidas com naturalidade atestam a sintonia entre ela e a Lei. Um consentido casamento entre a Luz Maior e aquela que nós trazemos em nossa natureza divina. O espírito torna-se mais poderoso e confiante. Polido, ele edificou o seu céu. Sereno, conquistou o nirvana. Amoroso, se revestiu de paraíso. Sábio, alcançou as estrelas. E permanece avançando infinitamente.