SOBRE A SAUDADE APÓS A MORTE

Muitas vezes encontro corações sofridos duplamente ante a partida de um ente querido. Dplamente porque, sendo espiritas ou de outras denominaçoes religiosas, entram em conflito pelo fato de sentirem saudade de seu afeto que singrou no rumo da dimensão espiritual. Isso ocorre, com certa frequencia, no meio espirita. Ouvem que não devem chorar, que vão maltratar o ente que desencarnou, etc. É fato que o choro de desespero prejudica a si e aos que se foram. Deve ser evitado. Além de gerar mais revolta, demonstra desconhecimento sobre os fundamentos da vida imortal. A aceitação é um resultado ligado à compreensão desses fundamentos, constituindo-se um mecanismo da fé raciocinada. E nossa não aceitação atinge o coração querido recem desencarnado, que por sua vez, quase sempre, tambem não aceita seu desligamento do corpo carnal, ampliando a área de sofrimento, criando-se um ciclo de não aceitação de ambos os lados.

Agora, sentir saudade é natural. Alguem querido viaja e a saudade brota. Não podemos nos condenar por isso. Só precisamos ajustar a saudade ao entendimento sobre nossa imortalidade, à convicção do nosso ideal. Se as lágrimas caírem, que não sejam de revolta ou mágoa para com Deus ou quem quer que seja ante a desencarnação do afeto. Somos de lá. Temos um tempo na carne. Estruturar essa convicção em bases sólidas é fundamental para aprendermos com o fato e seguir em frente, ciente de que, breve, nos encontraremos com os que foram, antes de nós, para nossa pátria verdadeira.

E tenhamos tato ao abordar os que choram seus entes que desencarnaram. É o nosso estagio. Precisamos de entendimento e respeito. Ainda que seja um espirita que chore. Nada demais.