MEDIUNIDADE DE CURA

Creio que todos sabem perfeitamente que, tal qual Jesus fez o alerta que não viera curar corpos e sim, edificar consciencias, libertando almas, o Espiritismo tambem assim se expressa. Muitos procuram as casas espiritualistas - e não só espíritas - para resolverem seus problemas físicos, as patologias que a medicina humana não resolveu e, até, aquelas que poderiam ser perfeitamente solucionadas nas clínicas da medicina convencional. Gostaria, no entanto, de fazer referencia a possíveis exageros que, habitualmente cometemos sobre o tema, face a nosso hábito de não ter equilíbrio para entender diversas questões. Vamos lá.

O próprio Jesus, que fez a referencia que citamos no início da postagem, Ele mesmo, realizou curas espetaculares, deslumbrando os que presenciavam os fatos. Isso quer dizer que, a despeito de sua tarefa ser a de libertar almas, curando-as por dentro, não se pejou de entregar seus fluidos curadores em nome da misericórdia. E tendo em vista que para os curados, alguns poderiam se abrir para a grandeza da vida à partir da recuperação da saúde. Naturalmente não fez da cura do corpo um princípio de sua atividade mas o amor cura, entrega, se doa.

Os bons espiritos e, em particular, os médicos desencarnados, embora ressalvando a necessidade da melhoria moral da alma humana, tambem prodigalizaram, e ainda o fazem, curas que desafiam a ciencia ou impulsionam vidas a buscar comprender melhor a vida transcendente. O próprio Kardec, em muitas ocasões, escreveu sobre os médiuns de cura, com a maneira séria com que ele tratava temas pertinentes. Tanto no Livro dos Médiuns quanto na Revista Espirita, que ele publicou durante onze anos, o tema foi abordado com profundidade e respeito pelo codificador.

Portanto, cremos que não podemos diminuir esse gênero de mediunidade quando ela exista exercida seriamente e santamente, sob a orientação correta e tendo como objetivo único a caridade, procurando, porem, ressalvar a necessidade da reforma moral do beneficiado para que a cura seja efetiva e perene. É preciso cuidado para que não venhamos radicalizar com coisas que sempre pedem ponderação. A tarefa maior das casas espiritas é a difusão do pensamento espirita, propugnando pela mudança moral das criaturas. Não é competir com hospitais ou clínicas da Terra. Não é competir com aqueles que estudaram e se formaram em medicina. Agora, daí a pensarmos em extinguir a faculdade em si e os trabalhos sérios que existem, creio que daí vai uma grande distância. Lembrando que nos referimos à cura pelos fluidos ou intervenção dos espiritos.

De alguma forma, penso que podemos alertar para que esse fator não seja mais um contributo nosso às idéias que alguns poucos, vale ressaltar, centros espiritas vem difundindo de que as casas espiritas não necessitam mais do intercâmbio mediúnico, bastando o contributo filosófico da doutrina. Lembro que o cristianismo tornou-se anêmico, depauperado, desfigurado exatamente quando os homens "fecharam" as portas da mediunidade nos tempos primitivos do evangelho, obra das sombras para que os homens não fossem mais instruídos pelos invisíveis e, dessa maneira, se voltassem, os próprios cristãos, a uma vida cada vez mais materializada, voltada simplesmente para a vida terrena. Perdeu-se, então, o viço, a seiva, o contato mais íntimo com os céus. Não será isso que as sombras desejam agora? Repetir o fato histórico infeliz? Tisnar a fonte cristalina que deu origem a própria doutrina e a vitaliza? Teríamos o Livro dos Espiritos se não fosse o contato mediúnico e todas as colocações dos princípios universais? E sem a mediunidade, teríamos a obra fantástica de Andre Luiz e toda a produção profunda do Chico Xavier? E o impacto das curas de Eurípedes Barsanulfo e Bezerra de Menezes quando por aqui estavam?

Nem mediunismo exarcerbado e nem desprezo à sua beleza. Nem transformar o centro espirita em casa de cura, apenas, e nem "calar" as vozes dos invisíveis ou o potencial benfazejo dos que trazem mediunidade curadora, aliás, como todas as demais, todos trazemos em potencial. Equilíbrio e respeito aquilo que está nas leis da natureza e na capacidade do amor.