Em conversa com um amigo de ideal, dedicado tarefeiro da seara em Estado aqui perto do nosso, notei-lhe uma certa amargura, uma tristeza aguda que lhe empanava o brilho do olhar. O rosto estava coberto com um véu de melancolia, denotando intenso sofrimento. Abriu o coração ante a minha indagação sobre aquela expressão de sofrimento. Desabou. Cometera um erro e estava sendo sacrificado por companheiros de ideal. Pior: se condenava brutalmente. A consciencia que conhece é mais firme que a postura de quem não sabe. Estava transtornado e pensando em abandonar o barco. Iria se recolher. Não se achava digno de professar o serviço do Senhor. Continuaria espirita, no entanto, só para si. A dor era intensa.
Naturalmente, procurei levantar-lhe o
animo, mostrando que ele havia dado contribuição significativa à causa e eu sabia que teria aliviado corações nesses anos em que se devotara com carinho. Entendia seu drama pessoal, de consciencia, no entanto, mostrei para ele que somos viajores do aprendizado. O próprio erro cometido seria lição para que dobrássemos a vigilância. Somos ainda frágeis e suscetíveis a estas situações. TODOS NÓS. Exatamente por isso, enfatizei que superasse o momento e olhasse para adiante. "E os que afirmam que devo me afastar da casa ?"
Ah, para estes, disse para que os visse como tão suscetível à quedas quanto ele. Poderiam ser os proximos a cair ( se já não estivessem em queda não identificada). Conversamos mais um pouco.
Bom, o amigo seguiu e espero que ele supere o ocorrido. Fiquei a meditar o quanto permanecemos distantes da proposta iluminativa do Senhor. Ao cair um coração, a recomendação da generosidade é buscar o companheiro para reergue-lo, tal qual ficaríamos felizes
caso estivéssemos na sua condição. Ao contrário, por nossa imprevidencia e vaidade, ao invés do amparo, de levantar o caído, muitas vezes coloca-se o pé sobre sua garganta e afunda-o mais ainda, ampliando sua dificuldade de superação e contribuindo para o retardamento em seu processo de libertação.
Praticamente ninguem tem condições de se arvorar, aqui na Terra, em juiz do semelhante. E quem as tem, não se posiciona como tal pois já tem suficiente amor para auxiliar o mais necessitado: o que tombou. Precisamos refletir profundamente sobre isso. Recordo a passagem que o senhor diz: "Se fizeram isso ao madeiro pronto, o que não farão ao lenho seco "?
É pena que ainda estejamos tão aquém do que buscamos. Até onde sei, devemos buscar a nossa renovação íntima através da fraternidade, caridade e do amor e respeito ao próximo; no entanto, ao ter notícia de companheiros de ideal “crucificando” a quem deveriam ajudar a se reerguer, eu lamento profundamente....
ResponderExcluir…É sempre lamentável ver um irmão se julgando no direito de atirar pedras, quando nem JESUS o fez.
Eu rogo ao Mestre Jesus que ao ver um companheiro de ideal, um amigo ou simplesmente um irmão com virtudes e defeitos como eu equivocar-se, eu tenha o discernimento de saber que TODOS estamos sujeitos a cometer erros, e, principalmente, que eu saiba não julgar e dar o amparo que eu gostaria de receber caso estivesse em igual situação.
Caros amigos de ideal espírita, todos nós somos suscetíveis ao equívoco, somos a semelhança do grafite escuro que se tornará um diamante, um dia... Pois que estes dois são formados do mesmo elemento, o carbono, apenas que a disposição espacial é diferente. Para nos tornar melhores do que somos hoje, nossos posicionamentos perante a vida precisam de uma nova disposição também. Somos pequenos, se pudéssemos ver a galáxia do alto veríamos que nosso planeta parece menor que um grão de areia, e nós o que somos? A humildade é para nós uma necessidade, reconhecendo que somos imperfeitos, mas também perfectíveis segundo nossas possibilidades como filhos de Deus. Erramos, nos equivocamos, mas a diferença se nos apresenta quando nos levantamos depois da queda, pedindo perdão pelos nossos deslizes. Não pedimos aos nossos irmãos desencarnados para perdoarem? E nós? O que temos feito para que a doutrina espírita se nos incorpore no íntimo? Temos ainda receio de nos olhar, lá nos espaços recônditos da alma humana. Perdão pelas nossas falhas, é o que pedimos, e quando nos prostramos, quebrando as amarras do orgulho nos tornamos suscetíveis às energias renovadoras de nossos amigos benfeitores da humanidade, caídos, somos levantados, tristes, somos consolados, vivendo na escuridão de pensamentos infelizes, somos levados às paisagens de luz inefável, pois é dando que se recebe, é amando que se é amado, é perdoando que se é perdoado, é vivenciando o amor de Jesus que somos amados, somos libertados dos grilhões que nos prendem à crosta, e em tal situação de bem-estar nos elevamos, como que se pudéssemos pegar o amor e a felicidade e dizer: Perdoa-me pela demora, estou aqui para te servir, por tanto tempo me esperaste, mas agora sei que somente conhecendo minha pequenez é que descubro as possibilidades do infinito, tornando-me pequeno é que o coração se agiganta e consegue abraçar a toda a humanidade, ah que felicidade, o louvor após a tempestade, as músicas da juventude, perene estado da alma a se regozijar, e cantar no mundo da eternidade. Obrigado senhor da vida, pela oportunidade a nós consentida, de viver, morrer, crescer, reviver, aprender, por muitos milênios chegando a ser humanos, com novos planos, novos ideais de paz, amor e caridade.Pelas nossas fraquezas, pedimos misericórdia, para nossa vitória perante nossas vaidades, pedimos humildade no serviço da caridade a se espalhar por toda a Terra, e por nosso íntimo, revelando-nos o que escondemos de nós mesmos, a fé, esta pequena semente a ser cuidada, regada pelas oportunidades a nós ofertadas, de nos melhorarmos, restituindo nossa verdadeira nobreza, de servir nos caminhos da pobreza, material sim, mas também e acima de tudo espiritual. Sem fé, sem humildade, sem pedirmos perdão, não temos como avançar, e sequer sermos perdoados. As críticas quando não as aceitamos, ficam com quem as profere, à semelhança de um presente que não é aceito. Ser espírita é melhorar-se um pouquinho a cada dia, se caído, levantar, e seguir tornar a caminhar, pois a estrada é longa, e temos muito o que aprender. Bom ânimo a todos, muita paz e amor no coração. Que possamos fazer deste espaço de nosso querido irmão que semeia luzes na escuridão, uma nova alvorada, uma nova estância de refazimento para quem está cansado das desilusões do mundo material, e que possamos antever e aqui na crosta fazer um novo mundo de amor e caridade, a começar por nós, perdoando-nos, e seguindo sempre em frente. Há muitos amigos a nos sustentar, não nos esqueçamos nestes obreiros da vida eterna e terna a nos consolar e levantar. Abraços fraternos!
ResponderExcluirNão é a hora de se condenar e sim de dar o mergulho no EU profundo. Conhecer melhor as próprias limitações.
ResponderExcluirAjude Sempre
ResponderExcluirDiante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a fazer lume.
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Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a purificar-se.
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No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros. Transforme os calhaus em obras úteis.
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Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.
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Não adote a incerteza, perante as situações difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa.
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Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o com bondade.
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Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-lhe adubo.
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Não pronuncie más palavras contra o deserto. Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.
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Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram. Ampare o seu irmão com a boa palavra.
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É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.
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Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.