SOL DA MEIA NOITE

Retiro de um filme o título desta postagem.  Acho, tanto o filme quanto o seu título, extremamente belos. E não me furto de associar a idéia à figura de Jesus e o corpo de seus ensinamentos. Ele, o Mestre, representa uma espécie de sol de grande intensidade em plena meia noite das lutas humanas. Interessante observar a largueza, atualidade e profundidade dos seus ensinamentos em pleno século vinte e um. É, tambem, roteiro para as vidas de todos os séculos.

Quanto mais me debruço sobre tratados sociais, de filosofia, e conheço algo das idéias dos mais fantásticos pensadores, do passado e do presente, mais verifico que as melhores concepções tem que se aproximar do que Ele ensinou. Os próprios avanços da ciencia no âmbito da saúde humana, se aproximam, vigorosamente, das idéias colocadas pelos Seus ensinamentos. É incrível como a simplicidade, própria do que é sábio, que encontramos na Boa Nova, traduz a grande necessidade humana, seja no que diz respeito ao indivíduo, seja à coletividade.

E quando estamos atravessando grande noite de provação, sabemos o quanto o consolo e o amparo que advem da luz sublime de sua mensagem resplandece como esperança e segurança em pleno breu das lutas que travamos. Se ficarmos, no entanto, apenas nas observações teóricas, o corpo orientador do evangelho tenderá a se tornar simples chavão religioso, com pouco apelo prático à vida da criatura, porem, se envidarmos os esforços para conciliar nossa vida aos postulados grandiosos da Boa Nova, verificaremos como eles se transformam em elementos efetivamente capazes de reordenar os passos e justificar a vida. São elementos de grande praticidade, intrinsecamente voltados para as experiências do ser humano. Ou seja, o Evangelho não é algo para ser admirado à distância e sim, para ser incorporado a vitalidade nossa, aos anseios do ser, a maneira de viver de cada um.

É fácil? Todos nós sabemos que não, muito mais em função dos automatismos que desencadeamos distantes desses postulados do que propriamente pelas exigências dos ensinamentos. É o mal hábito adquirido e acomodado em nós que nos cria as maiores dificuldades de viver a Boa Nova. Isso pede uma reeducação em nossa maneira de pensar, de ver e de experienciar nossa vida. Por isso que o evangelho é, essencialmente, um processo educativo. E reeducativo. Renovar-se é fundamental para transformar-se. O vinho sagrado necessita do recipiente ( que somos nós) arejado, limpo, adequado, a fim de que sua limpidez e poder não se tisne, não seja contaminado. Se somos o recipiente e o vinho é a mensagem, então, o recipiente precisa preservar o valor do vinho, buscando tornar-se limpo e aberto às transformações que nos são imprescindíveis.

Que brilhe, então, em plena noite, esse sol de alta magnitude, clareando nosso mundo interior, e dele irradiando-se para aquecer outros irmãos à nossa volta.