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quarta-feira, 15 de maio de 2013

"DITADURA" DA FELICIDADE

Nos tempos atuais, de tantas angústias e desafios, alguns pensadores indicam que estamos aqui para ser feliz.  Esse seria o fundamento da vida. Quando juntamos essa colocação com a superficialidade com que grande parcela da humanidade conduz a própria existencia, entramos num terreno perigoso. Sem a contrapartida ética, a idéia que estamos aqui para ser feliz leva as pessoas, facilmente,  a acharem que podem tudo fazer para alcançar o objetivo que seria ser feliz. Ainda que isso signifique "passar" por cima de alguem, ser indiferente ao afeto de outrem ou experienciar diversas fontes de prazer, confundindo prazer com felicidade. Aliás, vivemos, na atualidade, a presença de uma cultura hedonista, onde o comer, beber, dormir e fazer sexo representaria a jornada do ser humano pelo "nirvana" da "felicidade. Desde Aristipo de Cirene e Epicuro, os idealizadores filosóficos do hedonismo, que esse pensamento, típico do materialismo e do desconhecimento dos valores mais elevados da vida, predomina na jornada dos homens.

O ter e a hipervalorização da forma em detrimento do ser e da realidade da essência que é o espírito que somos, responde, sim, por grande parte do sentimento de infelicidade que envolve a maior parte de nossa humanidade. O ser humano, compreensivelmente, deseja ser feliz, no entanto, nem mesmo consegue definir o que seja felicidade. Na verdade, vivemos a ditadura da felicidade. E como a visão sobre o que é ser feliz não corresponde ao que seria a verdadeira felicidade, a insatisfação se impõe. E haja a sensação de infelicidade.

Gosto muito da posição de Sócrrates, Platão, Aristóteles, quando eles definiram que ser feliz é estar em harmonia moral. Sócrates colocava que a felicidade seria consequencia do "SER", e não do Ter. E para a criatura ser, necessitaria pensar reto, agir com correção e falar de maneira saudável. Eles chamavam isso de EUDAIMONIA. Ser feliz seria fazer o bem, cultivar a prática das virtudes. Jesus apresenta a mesma idéia, embora com expressões diferentes pois o mestre recomendou "amar ao próximo como a si mesmo, fazendo a ele tudo o que gostaríamos que ele nos fizesse".

Ao estudarmos o Espiritismo, verificamos em um dos seus pilares doutrinários, a reencarnação, que o objetivo de nossa "descida" à carne, seria para efetuarmos aprendizado, desenvolvendo recursos divinos que se encontram em estado de germem em nosso ser. Portanto, não estamos aqui para ser "feliz", no sentido tradicional do termo, e sim, aprender, crescer em espírito, entrar em harmonia para com as Sublimes Leis universais, edificando o amor em nós, e, em consequencia, alcançaríamos a felicidade. Portanto, esta é consequencia e não o objetivo direto de estarmos aqui. Quem ama, aprende, serve, experiencia, cultiva progressivamente os valores da alma, conquista, como efeito de tudo isso, o estado de felicidade, da harmonia interior. 

A felicidade não é deste mundo, ou seja, não é feita dos elementos que as pessoas acreditam  que a felicidade seria constituída. Não é a forma perfeita, ou o dinheiro, ou o prazer físico que caracteriza o ser feliz. Estas coisas não são duradouras. Geram prazer, até conforto e bem estar, mas não permanecem. Só a consciencia cada vez mais límpida, em sintonia com a Fonte da Vida, proporciona o paraíso interno, que as traças não roem, os ladrões não podem levar e a ferrugem não deteriora.

Assim, não desejemos ser feliz "de todo jeito". Sejamos bons, nobres, dignos, e a felicidade será consequencia. Simples assim, como tudo o que é sábio.

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