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quinta-feira, 6 de junho de 2013

"O CAOS" DO BEM

Imaginem um local onde se agrupam pessoas recem saídas de um manicômio e não tem para onde ir ; mendigos abandonados ou que se abandonaram pelas ruas; crianças e jovens especiais ou em cadeira de rodas. Mulheres doentes, desamparadas anteriormente, agora ali vivendo, socorridas por um teto amigo. Assim é a casa de socorro do Frei José, em Maceió. Sábado pela manhã estive com ele e conversamos demoradamente. Para quem chega pela primeira vez, ou para os que nunca foram a um local de socorro pode parecer que ali reina um verdadeiro "caos". E coloco entre aspas exatamente para enfatizar que esse "caos" é, muitas vezes, o amor agindo. E quando o amor se move, cuida de certas coisas depois. Como por exemplo, a aparência imediata. Não é que estamos defendendo qualquer sentido de desorganização. E nem é isso que temos na obra do frei. Ele tem sua estrutura de funcionamento e organização. O que predomina, no entanto, é o bem a ser feito. Com as dificuldades de quem não tem recursos próprios, na singela pobreza franciscana.


Antes de ser a potencia que é, a obra social de Madre Tereza de Calcutá foi, tambem, uma mensagem de que, quem deseja fazer o bem não espera possuir recursos financeiros para consruir a obra que ampare. Invadiu até casas abandonadas, assim como fez nossa irmã Dulce na Bahia.. Hoje, não. As obras de ambas missionárias, pela fama de suas servidoras maiores, receberam ajuda de empresas e, esteticamente, embora mantendo a simplicidade, melhorarm para o deleite dos olhos de quem visita suas construções.


O "caos" do amor é doce e "organizado."O incansável Frei José lá está, fazendo o possível para ser útil. Falível como qualquer um de nós mas trabalha. Agora mesmo implantou uma nova atividade de socorro aos que vivem pelas ruas: a entrega de sopa. Participou conosco aqui na Casa do Caminho quando esteve nos visitando e comprou a idéia. Alem da casa que edificou atendendo tantas almas aflitas, ainda encontra tempo para sair pelas ruas da capital das Alagoas, dois dias na semana, aliviando a fome dos que estão pelas marquises.


Sempre tem amigos que criticam isto ou aquilo, que não se deve fazer desta ou daquela forma. E enquanto criticam, as pessoas morrem de fome ou de abandono. Conheço projetos de obras sociais que já estão quase dez anos sendo "projetados", "organizados", aqui e ali, pensando-se como fazer para arrecadar recurcos financeiros. Enquanto isso, o público alvo continua ao abandono. E os que trazem a boa intenção mas não conseguem tirar do papel, podem estar se aproximando de suas próprias desencarnações sem viabilizar ou concretizar seus nobres anseios de auxiliar os irmãos em penúria.

Vendo o trabalho abnegado de frei José, recordo-me do trabalho lindo de Helena, aqui em Recife. Já escrevi sobre ela. E quantas vezes ela não desabafou comigo pelo fato de estar sendo criticada face a ter amparado mais algumas pessoas que viviam ao abandono nas ruas, quando a casa que ela dirige seria voltado para pessoas portadoras de câncer, que vem do interior e são pessoas pobres. Helena sempre enfatiza para mim: " Voce acha que vou deixar alguem morrendo de fome e sem amparo só porque não tem câncer?" Quem chega na Pousada Filhos de Deus, de Helena, pode ter a mesma sensação de "caos", no entanto, ve-se o coração grato de quem recebe teto e comida naquele espaço pequeno, durante os tratamentos quimioterápicos e radioterápicos a que se submetem na luta contra o câncer.

Sinceramente, prefiro os que socorrem mesmo um tanto "desorganizados" ( em sentido figurado ou não) do que os que apenas planejam organizadamente mas não fazem.. Claro que não quero dizer que uma obra do bem não deva e não possa ser organizada, bem construída ou com prédios bem divididos. Se há condições para isso, ótimo. Agora, só fazer acontecer quando se pode ter esses ingredientes, ou criticar quem faz o bem porque não podem ter casas mais decentes ou esteticamente apreciáveis, ora, sinceramente, demonstramos que não entendemos muito bem da força do amor.

Lembro ainda o trabalho de Tadeu, lá em Araxá, Minas Gerais. Começou amparando mendigos com deficiencia mental, junto com sua mãe, e levando-os para casa. Quando percebeu, certa feita, já estava com cerca de trinta e dois amparados, muitos dormindo até no banheiro da casa.. Foi aí que criou a instituição, antes muito pobre e simples. Hoje, é um complexo hospitalar lindíssimo, com jardins, fontes, empresas como parceiras e muito amor.

Concluo com o pensamento de um grande amigo espiritual que disse, certa feita: " enquanto estão discutindo e planejando tanto tempo, o pobre está morrendo de fome. Façam o gesto e vão estruturando melhor adiante. O auxílio sempre vem para quem auxilia".

Um comentário:

  1. Verdade amigo o Frei José e tantos outros fazem
    a parte deles porque na medida que eles se doam
    eles são ajudados porque nenhuma instituição se
    mantém sozinha é um trabalho belíssimo da parte
    dele e que o Mestre Jesus o abençõe como também os outros que ajudam o próximo eu admiro muito
    quem vem com essa missão todos de parabéns.
    Abraço e muita luz!!!! Beijos no coração!!!

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