De vez em quando, uma leve nostalgia me impele a olhar para o infinito. É como se buscasse algo do amanhã, um frescor do futuro, um cheiro do que estar por vir. Sinto, tambem, nesse estado especialíssimo de sentimento, sons do passado, um perfume do ontem, um sabor do já vivido.
Sinto, nesses momentos, como se asas invisíveis me retirassem do chão e, de alguma maneira, pudesse algo abarcar da odisséia que nos cabe, na conquista de nós mesmos. Essa aventura, doce e amarga ao mesmo tempo, empina os gestos de entendimento do quanto nos falta jornadear, vencer escolhos internos e fazer luz sobre sombras que teimam em permanecer.
Nessas horas de devaneios espirituais, creio que sou capaz de ouvir vozes inarticuladas que me arrancam lágrimas e põem em minha mãos luzeiros que intentam me clarear melhor por dentro. São vozes amigas, vozes que me prometem eterna amizade e que afirmam acreditar na vitória do compromisso assumido.
O que torna belo esses instantes mágicos é exatamente o confronto das minhas fragilidades com a força do gigante adormecido. Quanta beleza nesse lusco- fusco, nesse amanhecer com nesga de madrugada, esse embate de mais luz espraindo-se na escuridão da pequenez espiritual.
Até um leve sorriso de contentamento brota desse contato com a fecunda dinamica da vida. Ser humano nessa apoteose de vida plena, nessa eternidade de possibilidades, me comove, sim. Ser feliz por ser humano, ternamente humano, com seu desfile de fragilidade e seu cortejo de poderes. Saber estar se esculpindo para a grandeza da vida, como um Canyon sendo talhado pelos séculos. Saber-se fecundado de evolução, gestando um anjo, com as dores que se fazem necessárias, preparando a luz que se dará dessa estelar gravidez. Porisso, anda que os pés estejam presos ao chão empoeirado, meus olhos continuam postos no infinito, como se desejasse pegar com o brilho do olhar, a vida que terei pelo Universo sem fim.
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