
Dentre os temores da morte encontra-se os dramas de consciencia. Este é um aspecto vigoroso a alimentar o pavor da desencarnação. Exatamente aí é que se insere, especificamente, o estado de pacificação na superação do medo. A conquista de um estado mais harmonioso no universo interior proporcionará uma maior lucidez em nosso olhar sobre a vida. A aprovação da consciencia exerce um poder soberano sobre o ser e lhe dá uma espécie de "clarividencia", de aguçamento da percepção mental sobre o prosseguimento da vida após a morte. Afinal, quem propugna pela paz, buscando entronizá-la em si, não tem porque temer a realidade da morte. Sua consciencia lhe indica que está no caminho e estimula o exercício de outras virtudes que propiciarão maior bem estar e equilíbrio.
Claro que a tendencia de um cultivador da paz é ser espiritualista mas pode ocorrer ( e ocorre muitas vezes ) que um lidador da paz seja simplesmente um humanista, sem aceitação de qualquer credo ou convicção espiritual. Penso que, ainda assim, essa sensibilidade mais apurada, esta pacificação interna e o ardor com que batalha para um mundo mais justo e sem o barbarismo da violencia, o predispõe a um estado epecial de coragem que o faz superar o medo da morte. Tive a oportunidade de conhecer pessoas dessa natureza. E se o homem é digno, nobre, idealista, óbvio que se tornará sempre digno de toda a atenção dos bons espiritos que, sem dúvida, os envolverão com amena vibração de reconhecimento. Isto é mérito adquirido.
Podemos dizer que todo exercício de qualidades positivas é um treinamento para o entendimento mais feliz quanto à morte. Já se afirma, há séculos, que a morte de um justo não é pavorosa. Sua consciencia lhe indica o caminho do paraíso interior. Na magistral obra de Allan Kardec, O Céu e o Inferno, vemos de forma ilustrada pelas comunicações toda a beleza, a pujança, a luminosidade que cerca a passagem do homem bom para a dimensão extra-física.
A radiosidade que envolve o ambiente para alem da vida fisica só não é percebida quando é obstaculada no intimo de cada alma. A atitude mental, de ignorancia à respeito da vida, cria nuvens fluídicas em torno do desencarnante, até que ele favoreça a própria visão interior com a modificação do campo mental, através da prece, dos bons pensamentos e do coração que se entrega à Deus. Isto proporciona mais disposição de sintonia com realidades mais sutis. O inferno se carrega na própria alma e será sempre um estado transitorio do ser. Afinal, somos luzes, filhos do sublime e o amor é o elemento em que estamos mergulhados.
A mente com paz permite toda a assistencia amorosa. É como se Deus - podemos assim nos expressar - esperasse, feliz, que ofereçamos as melhores condições para que percebamos o quanto de suavidade e previdencia, de amor e doçura, Ele nos reserva no momento delicado da morte. Ele quer que sintamos Seu aconchego, Seu zelo infinito de MÃE, Sua energia cariciosa de PAI, para que sintamos que a luz da morte é, na verdade, a vitória da vida permanente.