Inspirado por uma leitura de um texto mediúnico do grande escritor russo, Leon Tolstói, por quem nutro grande simpatia, resolvi fazer esta breve reflexão sobre a fé . Não esperem, no entanto, qualquer tentativa de definir ou analisar a fé como se estivéssemos num curso de teologia ou num debate acadêmico à respeito. Nem mesmo tenho condições intelectuais para tal. O que pretendo tratar é pragmáticamente entender a ação altamente construtiva dela, conforme Jesus enunciou.
Exatamente num dos trechos mais encantadores e poderosos, na minha visão, em que o Mestre referenda os tesouros de que somos possuidores, envolvendo uma antecipação do que hoje se concebe como auto ajuda, e cientificamente, como neuro linguística: "Se tiveres fé do tamanho de um grão de mostarda e ordenares a esta montanha que passe daqui para acolá, ela o fará. Nada vos será impossível". estaria Jesus ensinando a mistificação, a ilusão de tudo podermos possuir a uma ordem peremptória dos interesses atuais? Claro que não. Fundamental entender os contextos e, tambem, o todo da obra. Há que se ter uma visão panorâmica, se pudermos assim nos expressar, e uma percepção detalhada do que ensinava a cada momento. Era um pescador de pérolas no mar de cada alma. Ele sabia mergulhar neste oceano e, mais ainda, levava a pessoa junto, a fim de resgatar-lhe perante si mesmo.
Folheando a grande mensagem verificamos que é uma apoteose de estímulos para que a alma humana acesse sua grandeza interna e a fé é um instrumento não só de esperar instantes melhores mas de confiança na misericórdia de Deus e em nossas condições de filhos dos céus. "Nada nos será impossível"; Não percamos a razão, deixando-se ser ingênuo por levar ao extremo do pé da letra, atolando-se na mesquinhez do imediatismo material, dessa forma acreditando que basta desejar agora e as benesses materiais virão nos suprir as carências financeiras ou sociais. Não! O trabalho para viver dignamente já é um exercício do nada vos será impossível pois a Grande Lei deseja que nada falte ao ser para sua evolução. O texto refere-se muito mais aos aspectos mais reais de nossa natureza espiritual, concernente às vitórias sobre os desafios e provações, bem como ao poder de aliviar e, até mesmo curar, quando o amor move a fé.
Quantas pessoas bem humildes não comprovam, na prática, o poder de sustentação da fé? Ao contrário das tertúlias intelectuais para definir sobre o tema ou esmiuçá-lo academicamente, se isto fosse possível, vemos nessas pessoas o sustentáculo que a fé representa, fazendo-as não desanimar jamais e comprovando que vencem as injunções mais infelizes, jamais se entregando ao desespero e compreendendo, ainda que apenas intuitivamente, que não lhes faltará alguma forma de amparo, proveniente do amor de Deus. Isso faz com que estas pessoas que enfrentam muitas montanhas de provas e dores consigam sorrir, avançar e superá - las. São lições vivas de fé, dizendo para todos nós que não devemos ofertar guarida ao desânimo, ao abatimento. Nada é impossível àquele que crê, que tem fé, que espera agindo, que usa as forças interiores...
Fé operosa, que age, constrói e edifica em plena batalha. Fé construída sobre a rocha, tambem inteligente pois não abdica de senti-la por saber que é lógico que não seremos superados pelos desafios. As leis de Deus são sábias. Mesmo que intuitivamente, sabemos disso. Há mais de doze anos atrás tive a prova exata disso. Era uma montanha enorme ante minha fragilidade humana. A fé me levou a vence-la. Foi o grande exemplo prático que tive de tudo o que já havia lido e refletido a respeito. Confesso: como a questão parece pálida quando teorizada, e como ela, a fé, se torna bela e luminosa, vívida e real, ainda que do tamanho do grão de mostarda, retirando a montanha daqui para acolá ou, até mesmo, fazendo-nos transpô-la.
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