Existem vidas que despertam em nós quase que um permanente sentimento de saudade. São elas que nos arrancam, de vez em quando, da inércia, do sono modorrento, da mediocridade irritante que nos apequena. Esses seres que se diferenciam da leva dos comuns no sentido mais nobre e elevado, são mensageiros da renovação, como que ficando em nossas lembranças para nos fazer recordar que a vida é dinâmica, deve manter seu caráter renovador.E um desses seres é o inesquecível Dom Helder Câmara.
Eu o conheci na década de 80. Estive com ele apenas uma vez, em Olinda, na casa do grande pastor de almas. Fui convidá-lo para a inauguração de um Centro Cultural que levava o seu nome, na escola em que eu ensinava à época. Não esqueço seu olhar manso,sua voz pacificada e a lucidez que lhe era carateristica nos argumentos durante nossa conversa.
Nesses dias de hoje, quando valores tão caros ao ser humano são esquecidos e até religiosos, por simpatia politica, aceitam, em silêncio, governantes tentando legalizar a prática abortista,a saudade do grande arcebispo de Olinda e Recife torna- se poderosa. Acusado de ser comunista( o que nunca foi),fez a opção pela dignidade dos pobres,não essa opção dos atuais "defensores" dos pobres, que parecem mais defender a pobreza que lhes dá discurso do que o pobre, que alimentam para o manter na miséria face aos objetivos de dominação.Dom Helder falava com profundo amor pelos mais desvalidos e propunha,sim, uma outra realidade para eles em nome do Amor preconizado pelo Evangelho.
Pequeno na estatura e grandioso no coração, o sacerdote da paz não se curvava a qualquer poderoso, fosse ele da esquerda ou da direita. Hoje, talvez fosse até chamada de reacionário pelos que dizem falar em nome do povo.Passados cerca de trinta anos, o Brasil ainda tem cerca de quarenta milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza, afora os que continuam pobres mas um pouco acima dessa linha vergonhosa.
Ah, Dom Helder...quanta diferença daqueles que dizem falar em nome dos pobres e se refastelam nas facilidades do poder, ofertando migalhas aos marginalizados, sem ergue-los a dignidade de verdadeiros cidadãos. Creio que seu coração cantaria entre nós o trecho da canção que o querido Gonzagão legou para o mundo ;"...Mas doutor uma esmola,para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão".
Que saudades de sua paz, querido dom do amor.
Definitivamente, sem palavras para o texto.
ResponderExcluirBrilhante!
Apenas uma vez em sua presença e toda uma reação de amor ficou, realmente uma pessoa de paz
ResponderExcluirGrande felicidade ter esses comentários no nosso blog. Valeu, gente, e vamos continuar falando das coisas e das almas elevadas
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