LEGADO PARA OS FILHOS

Neste domingo comemora-se o dia dos pais. Tenho a tentação de escrever que todos os dias devem ser reverenciados como tal. É um chavão, eu sei, por isso não abordarei sobre isso.  Faço uma reflexão como pai que sou: o que estamos a legar para os nossos filhos?

Essa colocação tanto serve para aspectos de cunho moral ( o principal, ao meu ver ), como de natureza social, em nosso país. Aliás, o que ocorre neste tambem está ligado ao fator moral. Como pai, desejamos, naturalmente, contribuir para que os filhos sejam equilibrados como seres humanos, harmoniosos emocionalmente, sensíveis como pessoas e honestas como cidadãos. E me entristece que eles, os filhos, assistam ao festival de mazelas políticas e sociais que vivemos nestes anos no país.

Espiritualmente, trago o coração feliz e confiante na larga avenida de oportunidades que os filhos tem, assim como todos nós, ante a vida. As leis de Deus são pródigas de recursos em benefício dos seus filhos. Bençãos de oportunidades que, espero, elas ( as minhas filhas consanguíneas), e eles, os filhos do coração, aproveitem, ainda que o "papai" não tenha sido um poço de exemplos como gostaria. Isso, porem, é uma outra história pois faz parte do esforço de superação que envido no compromisso que me toca.

Ah, dia dos pais! nessa singela crônica, é para eles, os filhos, que escrevo. E qual o alvo mais identificado por qualquer pai senão os filhos? É para os sonhos que sonharão, e para as desilusões que, possivelmente terão, que se voltam nossos olhos de pais e nosso coração de amigo...Para eles que escrevo, sim. Meu presente é falar deles, os filhos de todas as condições, de minhas filhas que , quando a alma sente um pouco de cansaço, refundam minhas forças e me fazem vasculhar os caminhos quase insondáveis e misteriosos da criança que fui e olhava para o meu pai, tentando compreender aquele amor tão devotado do meu "velho" por todos os filhos, os filhos de seu Tune.

E já vou eu divagando em direção ao meu pai, olhos cansados e orgulhosos de fitar suas "crias" e de dizer aos visitantes o talento ou qualidades que seu coração amigo enxergava em cada um deles. Os exageros amorosos de um pai rivaliza com o dulçor dos anjos. Ah, saudade do olhar sereno dele, de sua participação em nossas vidas! Queria sentir de novo suas mãos me colocando no colo, mesmo quando eu já trazia 28 anos de vida na atual encarnação. E queria escutar sua voz educada me chamando como o fazia: " Minha estrela..."  Coisa de pai.

Minhas filhas, a benção de te-las ao meu lado nessa jornada. E sabe, nesse momento nem quero saber se elas me veem como bom pai ou não. Quero ser somente, pai. Sou o pai da Esperança, da Talita, da Dandara. Feliz demais por isso. E ponto. O resto, é trabalhar para ajudá-las em suas caminhadas. E vou escrevendo o que penso, na confiança de que, um dia, elas, assim como outros filhos de outros pais ansiosos, possam sentir despontar, na sociedade em que vivemos, o raiar de um tempo sem mentiras e engodos, com reais oportunidades para que elas e os outros cidadãos de nossa pátria linda possam crescer e forjar, cada vez mais, uma nação mais justa, verdadeira e feliz.