Você acessou o Blog de Frederico Menezes. Desejamos que seja ele de utilidade aos que lutam para construir um mundo melhor para todos.

sábado, 1 de maio de 2010

Ele tinha o olhar quase que perdido naquela manhã. Algo indefinível naquele olhar. Mescla de sonho e dor, realidade e magia. Meditava sobre seus acertos e seu desejo de servir à causa do Bem e na enorme dificuldade de vencer as proprias mazelas. Incômodo crescente toda vez que parava para identificar os erros que ainda cometia. Após isso, alegria intensa pelo Bem realizado, pela oportunidade do trabalho sadio.

Olhei para aquela face marcada por transcendente tristeza e seu olhar de névoa parecia retratar o que muitos de nós vivencia:a luta íntima contra as próprias imperfeições.

Ao observar que eu o olhava cheio de ternura, refez a expressão e sorriu como que para me dizer que valia a pena tudo o que passava. Sofrer os conflitos era importante para não lhe fazer esquecer a tarefa colossal que teria que realizar por dentro do próprio coração. A senda era íngreme mas abençoada. A subida escarpada era desafiadora mas, como ascender sem suor e esforços?

Olhei, agora, na direção do horizonte, na hora em que o sol despedia-se de mais um dia e pude como que me ver refletido no espelho dágua à minha frente. Eu não era diferente dele, o tarefeiro de olhos tristes e sonhadores mas de sorriso aconchegante e amigo. Pude ver que atrás dele multidão seguia, magnetizada e identificada com o meu andarilho luminoso.

Somos multidão. Somos inúmeros. Não devemos nem necessitamos desanimar ante nossas dificuldades e deficiencias. Depois da subida, os suores e lágrimas ficarão no passado, como instrumento da conquista sobre nós mesmos. Vale a pena.

3 comentários:

  1. As vezes nos achamos fracos diante das situaçoes... nos achamos tao pequenos que nao imaginamos a força que temos...

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  2. "Somos multidão. Somos inúmeros. Não devemos nem necessitamos desanimar ante nossas dificuldades e deficiencias. "
    Essa frase mexeu muito comigo e acredito que com muitos de nós que começamos a engatiar frente a descoberta de nosso verdadeiro eu; que possamos então nessa busca incessante, que precisa ser, pelo nosso burilamento, não utilizar de julgamentos, ainda tão presentes em nossa atual condição evolutiva. Um abraço!

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  3. De onde tirastes tão belo texto?
    Quais entranhas sondastes, que visão tivestes?
    Parece-me que foi a visão do céu, ao lado da dor.
    A visão da beleza, emoldurada pela dureza da vida.

    Se espiritual ou não, o texto é muito reflexivo e nos faz viajar para dentro de nós.

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