ENTRE IRMÃOS DA UMBANDA

Esta semana passei pela rua Zumbi dos Palmares, aqui em minha cidade, e lembrei do Pai Geraldo, figura amiga e muito inteligente. Orientador de muitas vidas na Umbanda, tínhamos agumas conversas interessantes sobre espiritualidade. Trabalhávamos na Secretaria de Cultura da cidade. O respeito mútuo era um grande tesouro que preservávamos. Desencarnou há poucos anos. Tive a oportunidade de visitá-lo próximo à sua partida. Recordo o jeito carinhoso com que me convidou para falar ao pessoal de seu terreiro num encontro no Centro Social do município. Ele falou que gostaria muito que eu falasse para seus colaboradores sobre o Amor. Aceitei imediatamente o convite simpático.

O evento foi de uma beleza singela, tocada pela simplicidade extrema, marcado por um bom gosto próprio de Geraldo. E as indulmentárias das" filhas de santo" encantavam. Toda a cultura afro parecia deslizar no salão, com o vigor, a melodia cortante e bela devotada aos orixás. Depois, entrei para falar do amor que deve unir todos os seres, todas as religiões. Falei com emoção daquele momento e deixei fluir o carinho pelos irmãos que professam suas convicções. Passava em minha mente o quanto muitos deles padeciam por sofrerem discriminação face ao seu devotamento à umbanda. E percebi o quanto estavam felizes pelo fato de ter aceito o convite e está compartilhando com eles a palestra.

Quando encerrei, muitos deles vieram me abraçar com uma sincera fraternidade como poucas vezes eu senti. Haviam faces marcadas pelas lágrimas. Os incentivei a continuar servindo ao Bem dentro do que acreditavam. Geraldo estava feliz. Senti a espiritualidade feliz. Cintilava o salão com as luzes do entendimento. O amor derruba paredes. O amor precisa circular no mundo. A espiritualidade não é propriedade desta ou daquela religião assim como Deus é a vida de todos.

Espero que o meu irmão Geraldo já se encontre servindo a causa do Bem na dimensão em que se encontra. Muitos corações que ficaram órfãos por sua partida necessitam dele como inspiração. Que a luz prossiga, em várias frentes, clareando o mundo para, então, não mais haver trevas em nosso planeta.