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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A MORAL BRASILEIRA

Tornou-se quase lendário o clichê sobre as qualidades do povo brasileiro. Um certo ufanismo, bem característico da nossa nação, envolve com uma áurea quase mística a predisposição brasileira para as coisas espirituais. "ha, o brasileiro é receptivo...ah, é fraterno....ah, é alegre...!"

Claro que o povo brasileio é um povo alegre, festeiro e fraterno. O mundo todo sabe disso, no entanto, vou abordar algo do nosso povo que não se coaduna com todo esse clichê a respeito de nossas entranhas. E talvez choque um pouco os amigos do blog. Vamos lá.

De uns anos para cá ( precisamente, de uns dez anos para os dias de hoje) tenho analisado a postura do brasileiro quanto a questões de ordem moral : postura no trâsito, atitudes perante corrupção politica, fatos de natureza ética e coisas da área. E o levantamento me causou efetiva tristeza. A leniencia do brasileiro com as coisas que deveriam lhe causar indignação justa é algo assustador. Quanto a esses fatores, ainda estamos muito longe de certos aspectos morais conquistados por outros povos do planeta. E não me refiro apenas aos ditos povos ricos, não. Até mesmo muitos emergentes parecem já ter desenvolvido uma sensibilidade moral e ética, sobretudo no tocante à coletividade e a questões publicas e politicas das quais demonstramos estar distantes...

Eu sei que isso fere a idéia que fazemos de nós mesmos. É dificil admitirmos o atraso ético moral quando aceitamos passivamente, sem postura crítica e firme, as falcatruas e desonestidade de homens publicos e ainda justificando que todos roubam. Ou seja, os fins justificam os meios; quando elejemos e reelejemos mandatários suspeitos e até com claras comprovações de malfeitorias, só porque fizeram isto ou aquilo de bom ( a mesma justificação anterior: rouba mas faz); aceitamos a mentira dizendo que é a linguagem de todos eles, ou seja, não mudamos porque achamos que é assim mesmo. A mentira é utilizada até tornar-se "verdade" ou, pelo menos, que ponha em dúvida a verdade. Mente-se descaradamente e confundimos descaso moral com ser tolerante ou indulgente( quando se é religioso).

Os brasileiros tem aspectos em seu caráter que necessita amadurecer. Creiam que não escrevo isso raivoso ou magoado. Escrevo com tristeza. Quando uma nação não valoriza as leis do seu país, quando essas mesmas leis são aplicadas apenas nos adversários politicos e os independentes não mostram que rejeitam tal indecencia, então, é só esticar os olhos ao derredor e verificar que lá fora tem sim, enganadores e desonestos, perversões e outras mazelas humanas, no entanto, não como aqui ocorre, quase institucionalizado. Somos capazes de esquecer princípios éticos superiores como os que relacionam com a vida, votando em quem defende idéias contrárias ao ideal que acreditamos. Jamais ideologias ou simpatias partidárias e ou politicas deveriam ficar acima de princípios. Estes devem ser invioláveis em nossa consciencia.

Temos muitas virtudes como povo. Somos admiráveis na solidariedade no tocante à auxiliar o próximo, principalmente ante tragédias terríveis, mas precisamos verificar outros aspectos que são muito sérios por alimentar erros grosseiros, partindo de dentro de nós.

Assisti uma bela palestra com o especialista em comunicação, espirita, João Signates, de Goiás. Foi vice presidente da Federação Espirita de Goiás. E suas colocações instigantes, lúcidas, falavam da necessidade do espirita não achar que sua função social seja a de fornecer alimentos ou fundar creches, alem de montar núcleos espiritistas para a sadia divulgação do espiritismo. Como cidadão que incorpora conhecimentos universais, cósmicos, deve pensar a sociedade como um todo e servir em todas as frentes para a implantação de uma sociedade digna, enobrecida, honesta, sem manipulação do povo simples, sem idolatrias ao ponto de se fechar os olhos para atitudes que ferem o que há de mais importante no ser humano: a honestidade de valores, a dignidade de consciência.

Precisamos rever o ufanismo gratuito de um povo mais "espiritualizado". Isso pode não ser, ainda, tão verdadeiro. É só olhar em volta.

4 comentários:

  1. É notória a diferença dos costumes e educação do povo brasileiro em relação a outros la fora. Eu percebo ja uma grande diferença entre os jovens do norte em relação aos do Sul do Brasil, imagine os de fora.
    E somente consigo achar resposta no total descaso em relação a educação, nas escolas e nas familias.
    Este tema é bastante polêmico e nos faz refletir o quanto a maquina politica brasileira se alimenta do analfabetismo do nordestino.
    É mais facil fazer vista grossa, não querer se envolver, se informar, porque se vive no comodismo, o que importa se nossos governantes são verdadeiros "delinquentes autorizados" se do jeito que ta " ta bom"?
    Creio que ao começar pelo lar, junto com a grande missão de educar nossos filhos, iremos mudar esta situação.
    Mas a realidade da grande maioria dos jovens é ver pais que so fazem esperar o fim de semana chegar para ir pra cachaça, festas regadas a alcool, fumo, e toda especie de vicios materiais e morais.Como se a vida se resumisse entre uma festa e outra.
    Pais que por medo ou por cultura iniciam filhos ainda adolecentes a procurar prostibulos aplaudindo um filho que traz orgulho porque já é um homem! Que pais são esses? Que fruto pode brotar de familias que cultuam esses comportamentos?

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  2. Fred, infelizmente nós Brasileiros esquecemos as barbaridades que acontecem no nosso País,com muita facilidade, pois com esses politicos que não tem consciência, e não honra os seus compromissos tem que sair fora.Temos que abrir bem os nossos olhos, quando formos dá o nosso voto pois somos nós que o colocamos lá.Vamos fazer a escolha certa!!!!!!!!!!!! MUITA PAZ PARA TI !!!!!!!!

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  3. Amigo Querido,

    Seus textos são tão marivilhosos e não me contento em apenas le-los, gosto de repartir com meus amados amigos de MINAS. E tem sido muito uteis para elas, esse ultimo será usado em uma aula de filosofia em Juiz de Fora.

    Um Grande Abraço

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  4. Só uma correção, simples e com certeza de muito pouca importância: meu nome é Luiz, e não João Signates.
    Abraço grande e parabéns pelo artigo.

    Luiz Signates

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