IMEDIATISMO

Uma das características do momento da ciilização é o imediatismo. A ânsia louca de tudo fazer ou resolver para o minuto seguinte reflete a inquietação das pessoas, dos seus conflitos internos e do vazio interior que marca as personalidades no planeta. Tendo como estímulo predominante a superficialidade das aparencias e tudo o que diz respeito aos aspectos sensoriais em detrimento dos valores mais profundos, vive-se a corrida louca em busca de prazeres e da felicidade que não pode ser encontrada neste frenesi torturante e insaciável. Falta a pacificação, a quietação, o ritmo harmônico.

Isto tudo contribui para esse alto índice de pessoas atordoadas e sem entender o sentido da vida. Sem relacionar-nos com nossa natureza transcendente não temos como estruturar a consciencia real de si, passando a viver cada vez mais uma falsa natureza, com necessidades fictícias e que jamais saciam.

Como um caldeirão prestes a explodir sob efeito de uma apavorante pressão, desnorteia-se a criatura e suas relações afetivas ficam comprometidas, marcadas por irritabilidade e inseguranças, fobias e tensões que se renovam a cada dia. Tenho convicção que essa visão do ser humano fez o Cristo lavrar a assertiva : "Buscai primeiramente o Reino de Deus e o resto virá por acréscimo de misericórdia", ou seja, buscai o reino da alma, do que está além e acima das coisas imediatas da Terra, modificando as prioridades equivocadas do mundo. O desequilíbrio que vitima enorme parcela da humanidade é fruto dessa não priorização daquilo que é mais importante, que ficará para sempre, que projeta-se vidas à fora, infinito à dentro.

Recordo que, segundo os que conviveram com ele, Chico Xavier parecia ter todo o tempo do mundo. Fazia as coisas com tal harmonia, sem pressa, que não indicava nortear-se pelo relógio. Claro que não estamos pregando aqui a revolta contra o tempo da Terra. Se fosse assim, muita gente perderia o emprego pois não entregaria seus trabalhos em tempo adequado, não atenderia suas metas profissionais, etc. Não tomem a colocação no sentido absoluto. O pensamento que coloco está relacionado a um novo ritmo e um novo impulso que podemos dar a nossa vida, com mais serenidade, se passarmos a rever o que move nossa caminhada. Se o que nos move for ganhar cada vez mais dinheiro, claro que não conseguiremos atingir a serenidade e o patamar de satisfação profunda no tocante aos objetivos essenciais da vida. Nada contra o dinheiro, que é a energia monetária que move o mundo. Para criar decentemente os filhos, alimentá-los e vesti-los, precisamos do dinheiro, bem como para cuidar de aspectos da nossa saúde. Ainda aí peço que não vejam a colocação no sentido radical. É questão de valores e de como nos vemos e enxergamos a vida. Muitos são escravos do dinheiro e não o administra, principalmente pelo bem que ele pode produzir em tantas vidas carentes.

Nunca se tornou tão necessária uma reavaliação de prioridades em nossas vidas. O conforto externo aumenta, mas o desconforto interno é uma praga de proporções dilacerantes. Os corpos estão cada vez mais talhados e belos mas as almas encontram-se turbilhonadas e inquietas, adoecendo a níveis cada vez mais agudos. Os carros são cada vez mais luxuosos mas a composição íntima de quem os dirige encontra-se, muitas vezes, em frangalhos. A civilização clama por mudanças. Mudanças de direção, de enfoque, de foco. Estar na carne sem tornar-se escravo dela. Construir honestamente o bem estar material sem esquecer do espirito que somos pois adiante, quando a desencarnação chegar em nosso caminho, é à realidade imortal que nos reportaremos na averiguação do proveito efetuado na Terra. As conquistas materiais perderão todo o sentido e em nada contribuirá para o bem estar espiritual. Ao contrário, lamentavlmente, tem sido causa de muita angústia após a morte. Meditemos nas escolhas que temos feito até agora.