E ISSO É VERDADE?

Todo mundo deve estar acompanhando o movimento de várias igrejas através de seus pastores e padres se posicionando contra candidatos que apoiam a legalização do aborto, movimento este que atingiu, em cheio, a candidata Dilma Rousseff. Como um rastilho de pólvora, a nação eminentemente religiosa, conquanto o Estado seja laico, levou a candidata do governo a perder milhões de votos. E parece que a sangria continua pois novos padres e pastores, alem dos que já se posicionaram e voltaram a falar para os seus fiéis, estão sendo incisivos, pedindo aos seus seguidores que não aceitem a legalização do aborto.

Naturalmente, o governo e sua candidata tentam reverter a queda mas creio que o faz da forma mais inadequada possível, dizendo que é tudo boato e que Dilma é contra o aborto. Não, não é boato. Não somos inconsequentes, nós que nos posicionamos quanto a esta questão. Lula está enganado ou querendo passar uma de desentendido. Há vários vídeos na internet com entrevistas dadas por Dilma a favor da legalização do aborto em anos diferentes. Existe o documento do terceiro congresso do PT fechando questão em torno da legalização. Luis Bassuma e outro companheiro de PT foi penalizado porque o partido fechara questão e eles foram contra o aborto. Inclusive, em entrevista à Folha de São Paulo dessa semana, Bassuma, que é espirita, conta sua punição e textualmente fala que Dilma defende o aborto assim como o PT. Acrescentamos, ainda, o Plano Nacional dos Direitos Humanos 3, onde a questão volta à baila, assim como outros temas polêmicos. Ressalvo, ainda, que agora, verificando que a sociedade brasileira começou a rejeitar a candidata devido, entre outras coisas, a esse fator, a imprensa informa que o PT estuda retirar o aborto de seu programa, confirmando, sim, que a legalização faz parte do programa do partido, que tem como candidata, Dilma. Isso, portanto, é fato.

Ora, Lula não pode querer brigar com os fatos , pensando que nas religiões não tem quem pense, reflita e se informe. E tambem não há moleques. Eu não o sou. E denunciei a questão. Contra fatos não há argumentos. Se ela agora diz que mudou de opinião, é outra história ( duvido dessa mudança). O que não pode é o presidente querer nos convencer que tudo o que está gravado é uma ilusão nossa; que a entrevista que Dilma deu a revista Marie Clair, ano passado, não ocorreu e outra coisas mais.

Para tentar tirar o foco da problemática, já tem gente dizendo que não se deve misturar questões religiosas com politica. Isto é engodo. Primeiro, que ser a favor da vida não é uma questão de religião ou grupos religiosos; é questão humana. Segundo, religião faz parte da experiencia cultural humana e, portanto, como toda ação que diz respeito ao ser humano, pertence, tambem, ao fator político. Terceiro, engana-se quem pensa que religiosos devem se preocupar apenas com a vida do outro lado, se distanciando, alienadamente, dos problemas do mundo. Ao contrário, temos que ter uma atuação pelo bem cotidianamente nos caminhos do mundo. Por fim, é isso que os manipuladores e sagazes pretendem: fazer com que os que sonham com um mundo melhor fique em berço esplêndido, assistindo a sordidez locupletar-se e atentar contra a vida.

Eu tambem gostaria que outros temas viessem à baila para se analisar nesta campanha. O país tem muitos problemas graves para debater. Não está pronto e maravilhoso como querem nos fazer crer. São milhões de brasileiros, cerca de 50 milhões, que não tem acesso a saneamento básico e milhares morrem por ano em nossos hospitais. Fora outra aberrações. Agora, lamentavelmente, já algumas eleições que quem está no poder despolitizou o pleito e pasteurizou tudo. É conveniente. Por que se queixar que a legalização do aborto polarize a campanha eleitoral? é tambem um fator político, como expliquei acima. Existem outros, mas este predominou.

O estrago foi feito. Vamos ver o que o brasileiro escolhe. Continuo com o mesmo pensamento do primeiro turno: Quem defende o aborto não merece meu voto.

Dizer agora que não defendeu, criando cenas de marketing, não daverá colar. Com a palavra, ou melhor, com o voto, os brasileiros.