SOL DA MADRUGADA

Vejo-o, suavemente, rasgar a madrugada. Olhos ansiosos e assustados fitam os primeiros raios clarendo os últimos sonhos.
Como os braços da amada, cálido, ele agasalha as ânsias mais belas e abriga o perfume inesquecível da casa do amor.
Em plena madrugada, ele ilumina, aos poucos, qual neblina esbatida por luz mortiça, o templo da esperança e anuncia o tempo de mudanças, quando a noite já se despede do coração da gente.

Este sol em plena madrugada anuncia o dia perene e atrairá constelações para que, substituindo a escuridão, quando noite, resplandeça novos astros, impedindo a escuridão onde se escondem os atos insanos e que aprisionam a alma nos catres da agonia...

Vejo já a alvorada antes da alvorada. O manto obscuro cede ao véu translúcido do amor revestido das claridades do dia. É o sol da madrugada, vede-o... como os olhos da amada guarda-me em seus sonhos e leva-me à ela, como ímã que prende a limalha, fácil, fácil...

É o sol diferente, a estrela que não conhecíamos aqui na Terra, o mundo que virá na crista de seus raios.

Ah, é o sol da madrugada que, finalmente, desponta.