Este momento da civilização, com todos os contornos que apresenta, abre uma grande clareira sobre elementos capazes de acender os pontos de contato entre as diversas expressões religiosas do planeta. As muitas religiões e escolas filosóficas, assim como os seguimentos científicos, tem muito à ganhar ofertando espaço para o diálogo. O poder de enriquecimento é enorme, beneficiando a humanidade.
A radicalização, com objetivo de monopolizar a verdade, ou ser dono absoluto dela, ao longo do tempo, tem alimentado não só a separatividade como a violência em graus superlativos. Os mais comezinhos deveres de fraternidade, alma das expressões religiosas de todos os tempos, tem sido esquecidos exatamente pelo anseio da hegemonia sobre a verdade. E deixou-se de buscar o que poderia fortalecer a propagação da luz existente em cada núcleo de religiosidade.
A maturidade de se crer sem ansiar impor suas convicções vai se delineando cada vez mais, embora, como sabemos, de maneira lenta. Encontramos maior espaço para diálogo entre alguns seguimentos da cristandade, fruto isto, das novas mentes, mais arejadas e avançadas, que derrubam, paulatinamente, muros injustificáveis.
Para vermos como isso deve ser encarado com serenidade, basta atentarmos para o fato de que os cristãos creditam a Jesus a governança do mundo. Especificamente nós, espiritas, temos convicção de ser o Mestre, o governador espiritual da Terra, no entanto, perfeitamente compreensível que um muçulmano desdenhe dessa convicção, perguntando se não seria Maomé o responsável pelo comando do planeta. Assim, poderia o budista alegar que Sidarta Gautama é que seria o comandante de nossa moradia cósmica, etc. Seria isso causa de desentendimentos entre as diversas escolas religiosas ? Não faz sentido que isto ocorra. O mais importante são os elementos próprios de cada denominação que podem contribuir para o avanço da luz na face do mundo. Todas pregam, de alguma maneira, a bondade, a generosidade, a caridade. As distorções surgem das interpretações humanas. As escolas religiosas pregam o ser humano melhor, cada uma dentro de suas dimensões, atingindos corações na faixa em que se situam. Mas, falam do Criador e da vitória da luz. Se existe um adversário, não é a outra doutrina religiosa e sim, as sombras da ignorância moral, o materialismo dissolvente, as paixões desalinhadoras, o desconhecimento da nossa natureza real.
Os vários caminhos de espiritualidade falam da grandeza e importância do amor. O problema é a experiencia da prática. Esse é o desafio.Se conseguirmos oferecer espaço em nossa vida íntima ao amor, avançaremos para a religiosidade espiritualizada do amanhã, com mais celeridade e mais pacificação. O abrandamento das emoções, a pacificação da mente, a mansuetude de alma, favorecerão saltos fenomenais à conquista da paz entre os seres humanos. e o progresso da civilização se dará com mais ímpeto, agora não mais apenas no âmbito material mas, sobretudo, no campo moral.
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