DE OLHO NO FUTURO

Participei hoje de um programa de radio cujo tema central da entrevista foi sobre a arrogância. O assunto deu ensejo de abordar algumas questões relativas às grandes transformações que ocorrem na sociedade nos tempos atuais. Fiz referencia às mudanças de paradigmas que estavam ocorrendo em todos os níveis de manifestação da vida humana. Da biologia à quimica, da filosofia às artes. Da politica à psicologia. Todos os padrões que nós conhecemos na vida de relação estão sofrendo questionamentos e mutações, inclusive, as religiões. E isso é bom. Esses fatos impedem a estagnação e reflete a dinâmica da vida, que tem como finalidade impulsionar o ser humano para patamares mais altos na sua forma de entender e enxergar a vida. É o processo de maturação.

Naturalmente que esses fatos inquietam porque, em geral, mexem com o que estava estabelecido dentro de nós. "Certezas" sedimentadas sofrem terremotos intimos e impacta- se a convicção com os novos elementos que vem à tona. Óbvio que existe a espinha dorsal que organiza essa busca pela verdade, espinha dorsal esta que serve de coluna de sustentação para as novas conquistas. Tudo está em evolução e o homem é o auge dessa reflexão. Não deveríamos ter medo de novas abordagens pois que o que está na alma dessa espinha não sofrerá dano. Só a forma de entender melhor essa coluna de sustentação se caracterizará.

Há pessoas religiosas que tem receio dos avanços da ciencia. Isso é próprio de uma fé que não se sustenta em bases sólidas. A ciencia não é inimiga de Deus e sim sua auxiliar. Tudo o que ela nos trouxe até hoje, claro que incomodou as visões ortodoxas do Universo e da religião mas trago a convicção que tudo, absolutamente tudo está ajudando a sustentar o grandioso edificio da fé. Pelo menos quem busca a fé raciocinada assim recebe as novas conquistas. Quem não tem medo de avançar para convicções mais maduras e encantadoras vibra com o avanço do pensamento humano.

Está sendo posto em Xeque- Mate o mundo arcaico, envelhecido no sentido dos modelos infantis, da idéia de Deus como um ser barbado, humanzado e com todos os defeitos humanos. Ao invés de nos sentirmos a Sua Imagem e Semelhança persistimos em transformar a Perfeição a imagem e semelhança dos homens. Porisso, ante o sopro renovador do progresso que ninguem pode deter,as casas que não foram erguidas em bases sólidas tremem e caem, temem e se angustiam, pela suposta ameaça à sua divindade, como faziam os primitivos ante o temor de perder seus deuses.

Podemos, sim, encarar frente `a frente o progresso e os desafios dos tempos modernos. Necessitamos substituir a capa envelhecida e tosca pela vestimenta nupcial luminosa, do espirito crecido, edificado nas lutas redentoras e no amor, no entendimento da sutileza da vida e da espiritualidade, afastando- se da arrogância - comportamento de quem precisa humilhar o outro para se afirmar na vida -e alcançando a simplicidade dos sábios e a maturidade dos que atingiram o amor.