Lá estava ela. Rosto sereno, crestado pelo sol de todos os dias. Catava lixo para transformá-lo em alimento e remédio para si e para um irmão doente. Remexia nas sacolas plásticas com uma concentraçao parecida com a de um cirurgião ante um paciente em risco de vida. Indiferente ao julgamento das pessoas, lá estava a heróica Maria, vivendo honesta e alegre, como quem se livrou das falsas necessidades da sociedade moderna.
Lá estava a alegre Maria. Parece viver em uma bolha à parte do burburinho do mundo embora seja elétrica nos seus gestos e palavras. Ao me ver, abre um sorriso franco e a doçura de seus olhos me abraça em pleno sol de meio dia. Me pergunta sobre o centro espirita com a dificuldade natural ante a limitação mental que apresenta. Me abraça e se despede,voltando o olhar para a próxima bolsa de lixo como se não tivesse me visto há pouco tempo.
Continuei meu caminho vendo faces agoniadas e ansiosas, pessoas falando sozinhas e fisionomias fechadas na capa da amargura. Pareciam estar infelizes, cheias de sombras essas pessoas. Mas, apesar de ve-las assim, sorri, pois havia visto Maria e ela parecia feliz, parecendo um anjo no lixo, abençoando a vida.
...E eu vi Maria.
Fred,
ResponderExcluirMandei o link do seu blog para uma amiga minha, e ela me escreveu de volta, dizendo que chorou de babar ao ler seus textos. Gostei! hehe
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