PELO DIREITO DE SONHAR

Muitas vezes aparecem pessoas preocupadas por se acharem sonhadoras demais e até se condenam por isso. Dizem que parecem não se entender com o mundo e se sentem inadequadas ante a realidade que lhes cerca. Mas o problema não está, exatamente, no fato de sonhar. O problema está no excesso.

Sonhar é a construção do ideal. É a argamassa para uma realidade melhor. É a antesala do amanhã diferente. Toda grande obra da humanidade foi forjada na realidade subjetiva dos sonhos. Dos santos aos grandes artistas; dos geniais cientistas aos extraordinários estadistas. Nas aspirações dessas almas forjaram-se as edificações da esperança, seiva e vida do progresso da civilização.

O problema não está no sonho. Se não fosse o sonho não teríamos a obra magistral de Madre Tereza de Calcutá entre os miseráveis do mundo e nem o portento de Beethovem, derramando a musica sagrada sobre a humanidade. O problema é que não se pode ficar apenas no sonho. É fundamental trazer o sonho para a realidade concreta como fizeram essas personagens que citei. A alma do idealista deve ter algo da alma do construtor. Projetar a casa e construí-la. Se ficar apenas no projeto arquitetônico a casa não se levanta. Sonhar e não perder o sentido da objetividade.

Dos sonhos brotam os mais belos poemas. Dos sonhos surgem os grandes amores. Dos sonhos delineiam-se os asilos e creches, hospitais e sopas, albergues e amparos. Não deixemos de sonhar mas, tambem, não nos esqueçamos de lutar para transformá-los em realidade no mundo das formas.